Sessão Educacional – Diferentes abordagens no cancro da mama

As enfermeiras Sandra Baptista (IPO Coimbra) e Ana Paula Amorim (ULS Alto Minho) moderaram a sessão educacional dedicada à temática das diferentes abordagens no cancro de mama.

A cirurgia reconstrutiva da mama esteve em destaque na apresentação da enfermeira Meggi Martins, que veio de Paris até Olhão para partilhar com os colegas a experiência do Centro Hospitalar Universitário Heri Mondor nesta área.

Neste centro francês, “a DIEP é a técnica gold-standard para cirurgia reconstrutiva mamária”, referiu, explicando que “se trata de uma técnica de microcirurgia, que consiste num excerto de pele e gordura da parte abdominal do doente”. Comparativamente com outras técnicas, a DIEP apresenta menor custo, maior tempo de recuperação, mas melhores resultados”, salientou a preletora, destacando como vantagem a realização de uma abdominoplastia e como risco a ocorrência potencial de necrose, entre outros.

A enfermagem tem um papel de charneira nas várias fases do processo, desde o pré-operatório ao pós, e durante as cirurgias, “que são habitualmente intervenções muito longas”, destacou Meggi Martins. No pós-cirurgia, em que o internamento vai de 4 a 7 dias, cabe ao enfermeiro, entre outras tarefas, controlar a dor. Após alta, é preciso manter a gestão da dor, fazer o penso diariamente, vigiar o trânsito intestinal e instituir cuidados de fisioterapia. Após DIEP, o último passo da reconstrução mamária consiste na simetrização e reconstrução do complexo aréolo-mamilar.

Em resumo, a enfermeira francesa salientou que existem várias opções de reconstrução, sendo que no Centro Hospitalar Universitário Heri Mondor se privilegiam as reconstruções imediatas, uma vez que promovem melhores resultados estéticos, melhor qualidade de vida e maior satisfação das doentes. Respeitar as indicações e a vontade do doente, a cada passo do processo, é mandatório, concluiu.

Nesta sessão sobre abordagens inovadoras no cancro de mama foi ainda apresentado o Projeto MAAT: Multidisciplinary approach in advanced breast cancer treatment (projeto com o apoio da Novartis). Anabela Amarelo, enfermeira do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho (CHVNGE), explicou como foi implementado este projeto e que ganhos representa para as doentes.

Partindo da premissa que a multidisciplinaridade e o trabalho de equipa têm um papel central e indispensável, sem os quais nenhum doente com cancro de mama poderá ser adequada e eficazmente tratado, o MAAT procura ser “a conceptualização de uma abordagem dinâmica e interdisciplinar com o doente no centro da nossa atenção”, esclareceu a preletora.

A terminar, o Doutor do CHVNGE Ricardo Fernandes mostrou, através de uma apresentação bastante interativa, a importância dos cuidados paliativos no contexto do cancro de mama metastático/avançado e no âmbito do projeto MAAT, refletindo o shift que tem sido feito no sentido de uma individualização da prestação de cuidados e do foco na melhoria da qualidade de vida do doente. A este propósito, rematou: “A nossa batalha não é com a quantidade de tempo, mas com a qualidade do tempo”.