As enfermeiras Susana Silva (IPO do Porto) e Joaquina Rosado (ULS Elvas) moderaram a última sessão educacional do segundo dia de trabalhos, dedicada à apresentação de três abordagens inovadoras em Enfermagem Oncológica.
Uma delas é o Estudo Observacional MPN10 (projeto levado a cabo em colaboração com a Novartis), cujos novos resultados foram apresentados na AEOP15 pela enfermeira Diana Roriz, da Fundação Champalimaud.
Trata-se de um estudo descritivo de coorte prospetivo (sem intervenção) de pacientes adultos diagnosticados com policitemia vera (PV) com base em dados extraídos dos registos AEOP de pacientes com neoplasmas mieloproliferativos (NMP) criado em 2017, que teve por objetivo caraterizar as caraterísticas basais dos doentes com PV em Portugal, em termos de perfil clínico, de padrões de tratamento e carga sintomática. Visou, ainda, conhecer a realidade dos doentes portugueses com PV quando à resistência e/ou intolerância à hidroxiureia (HU).
De acordo com a palestrante, a maioria dos doentes foi classificada como de alto risco para eventos tromboembólicos no início do estudo, mas apenas uma baixa proporção foi tratada apenas com AAS, sugerindo uma adesão abaixo do ideal às diretrizes de tratamento.
Os resultados mostraram que os níveis medianos de hematócrito foram superiores a 45% em metade dos pacientes, “o que se traduz também em alto risco para eventos tromboembólicos”, sublinhou a enfermeira, concluindo que “a escala sintomática MPN10 é uma ferramenta importante no planeamento das intervenções personalizadas para doentes com NMP, complementar à abordagem terapêutica no controlo destas doenças e promoção da qualidade de vida das pessoas.
Os domínios de intervenção em Radioterapia foram abordados pela enfermeira Ema Alves, do Hospital Braga, que apresentou uma linha de consenso muito útil para a prática da enfermagem neste contexto.
Por fim, as vantagens do recurso à gamificação no contexto da Oncologia foram abordadas por Carla Fernandes, professora da Escola Superior de Enfermagem do Porto, utilizando o exemplo de um destes jogos colaborativos desenvolvido no contexto dos cuidados paliativos: o Pallium Game. A enfermeira provou que é possível “abordar temas sérios de uma forma lúdica”, salientando que “o fator diversão trazido pela gamificação pode tornar os recursos de cuidados de saúde mais centrados no utilizador, aumentar a adesão e modificar o comportamento dos utilizadores para melhorar os resultados em saúde”. Além disso, permite a formação dos profissionais, ajuda a recolher dados e feedback dos doentes e famílias, promove a adesão à terapêutica e melhora a moniroização dos doentes.
Consciente de que a comunicação efetiva entre os membros da equipa interprofissional, pessoa e família é essencial para ir ao encontro das necessidades de cada um destes grupos, a preletora destacou os benefícios da gamificação, nomeadamente nos jogos à base da técnica de intervenção colaborativa, neste contexto. Isto porque, nos jogos colaborativos, como o Pallium Game, “o processo é tão importante quanto o resultado e os jogadores jogam uns com os outros ao invés de uns contra os outros”, explicou, apontando como principal benefício “a externalização através do jogo”.