A sexualidade na doença oncológica, nomeadamente em casos de cancro ginecológico, foram o foco de mais uma sessão educacional, que contou com o apoio da GSK e com moderação das enfermeiras do Hospital da Luz de Lisboa, Albertina Santos e Ana Inês Frade.
“O que muda?” foi a questão a que Cristina Lérias, enfermeira do IPO de Lisboa, procurou dar resposta, esclarecendo que “tudo muda, logo aquando do diagnóstico”. O impacto dos tratamentos oncológicos na sexualidade é inegável e implica, entre outros aspetos, redução dos andrógenos, incontinência, alteração da auto-imagem, dor, diminuição da lubrificação, diminuição da testosterona, alteração sensitiva das zonas erógenas.
“As mulheres com cancro da vulva – cuja prevalência tem vindo a aumentar – configuram um enorme desafio neste contexto”, referiu a palestrante, salientando a importância de “ajudar estas doentes (submetidas a vulvectomia parcial ou radical, por vezes sem preservação do clitóris) a reinventar a sua sexualidade em consulta de enfermagem pré-operatória”.
De acordo com Cristina Lérias, “apesar de as áreas da Oncologia e da Medicina Sexual terem evoluído nas últimas décadas, ainda são necessárias informações e intervenções direcionadas que abordem questões de saúde sexual”. E, embora a saúde sexual possa não ser a principal preocupação de todas as utentes/sobreviventes de cancro, “a saúde vaginal deve permanecer uma prioridade mesmo para aquelas que não estão interessadas em atividade sexual”, ressalvou.
A enfermeira acredita que o caminho, a este nível, passa por “perceber qual a importância que a sexualidade assume na vida de cada pessoa, as alterações prévias existentes, as expetativas durante e após o tratamento, permitindo um plano de cuidados com foco na prevenção, tratamento e reabilitação, de acordo com a individualidade de cada pessoa e/ou casal”.
A enfermeira Elda Freitas, da Fundação Champalimaud, explicou que o processo de integração da sexualidade na prática dos cuidados de enfermagem não tem que ser complexo. “Devemos começar pelo início de qualquer intervenção: com a avaliação”, sustentou. “Segue-se a intervenção – onde cabe a explicação, a monitorização, a readaptação e a reabilitação – e o reencaminhamento.
A palestrante partilhou com os colegas algumas sugestões práticas para passar da teoria à ação na prestação de cuidados de enfermagem no plano da oncosexualidade. Lubrificantes, hidratantes vaginais, dilatadores vaginais e anais (preventivos da estenose), bombas de vácuo e anéis penianos são alguns dos métodos que podem ajudar os doentes a reinventar a sua sexualidade no contexto de doença oncológica ginecológica.
No final, Elda Freitas apresentou as ferramentas de intervenção que a AEOP já desenvolveu nesta área e que estão à disposição de todos os enfermeiros, como é o caso do consensus paper “Abordagem da Sexualidade na pessoa a realizar radioterapia”.