“A malnutrição é como um incêndio florestal. Temos de o prevenir e tratar o mais precocemente possível”.
Uma ideia partilhada por Beatriz Domingues e Marta Carriço, enfermeira e nutricionista da Fundação Champalimaud, no simpósio promovido pela Fresenius Kabi, dedicado à malnutrição no doente oncológico.
Célia Lopes, da Fresenius Kabi, moderou esta sessão que teve como objetivo chamar a atenção dos enfermeiros oncológicos para a necessidade de incluir a malnutrição – um elemento tantas vezes subvalorizado – no plano de cuidados do doente oncológico, assim como demonstrar que o trabalho em equipa é a chave da gestão do estado nutricional do doente.
As palestrantes salientaram o impacto da sarcopenia na toxicidade no contexto da quimioterapia, por exemplo, e descreveram a relação entre malnutrição e efeitos adversos dos tratamentos oncológicos como “uma pescadinha de rabo na boca”.
De acordo com a nutricionista e com a enfermeira, a intervenção nutricional no doente oncológico deve contemplar a otimização do aporte nutricional, a preservação da massa muscular e capacidade funcional, a monitorização dos fatores de risco (nomeadamente de sintomas com impacto nutricional) e o aconselhamento nutricional personalizado (hipercalórico e hiperproteíco, entre outros) com recurso a alimentos, em primeiro lugar, e só posteriormente a suplementos nutricionais orais ou, em último lugar, a suporte de nutricional clínico (entérico ou parentérico).
“Além de intervir, é crucial monitorizar”, sublinhou Beatriz Domingues, salientando o papel central da enfermagem neste domínio.
Em jeito de conclusão, as oradoras salientaram que a malnutrição – da qual a perda de peso é uma manifestação tardia – tem impacto no prognóstico e na qualidade de vida do doente oncológico. Sublinharam, ainda, que a identificação do estado nutricional, através de ferramentas validadas – como a PG-SGA-SF – deve ser incluída no plano de cuidados, concluindo que “o trabalho de equipa é fundamental para proporcionar a melhor qualidade de vida ao doente”.