Os três melhores trabalhos na área de Investigação e os três melhores na área de Boas Práticas da AEOP15 foram apresentados numa sessão moderada pelos enfermeiros Sylvie Gomes (IPO de Coimbra) e Daniel Ferreira (IPO do Porto).
O primeiro trabalho de investigação – da autoria de Liliana Vasconcelos, Mafalda Ferreira e José Costa (IPO de Lisboa) – consiste num estudo descritivo e retrospetivo intitulado “Prevalência de sinais e sintomas de fim de vida em pessoas com glioblastoma”. De acordo com Liliana Vasconcelos, foi objetivo desta investigação “identificar os sintomas e sinais nos últimos sete dias de vida e abrangeu 17 doentes, 13 dos quais homens”. Os resultados mostraram que o declínio da consciência e da capacidade de deglutição foram os sintomas mais frequentes nesta fase.
Como conclusões, a autora destacou a necessidade da realização de estudos de investigação com amostras mais representativas, a importância da articulação precoce com os cuidados paliativos e da comunicação com a família (esclarecendo sobre os sintomas que possam surgir), bem como a relevância do registo de sinais e sintomas, das intervenções “e da avaliação da sua eficácia para uma melhoria da prestação dos cuidados e dos resultados em saúde”.
“ChemoInMotion: O exercício físico no controlo da fadiga em pessoas com doença oncológica submetidas a quimioterapia” foi o segundo trabalho de investigação apresentado na AEOP15 por uma das suas autoras, a enfermeira Catarina Rodrigues. Participaram ainda neste projeto os enfermeiros Bárbara Gomes e Carlos Albuquerque (ICBAS-UP; CHTMAD, ESEP; UNIESEP/CINTESIS; IPV-ESSV; UICISA), concluindo que “a evidência científica sustenta que o exercício físico é considerado seguro na pessoa com doença oncológica, quer durante o tratamento ativo, quer após término do mesmo” e que “os enfermeiros, integrados numa equipa multidisciplinar, possuem competências que lhes permitem não apenas educar sobre os benefícios do exercício físico, mas também desenvolver e supervisionar programas baseados no exercício para controlo da fadiga”.
O conceito de sobrevivente oncológico é o foco do último trabalho de investigação apresentado neste best of. Telma Sofia Grãos, enfermeira do Hospital Cuf Descobertas, é a autora desta investigação que identifica a necessidade de criação de uma consulta de enfermagem para o sobrevivente oncológico (CESO). Isto porque, “as necessidades dos sobreviventes de cancro são tão complexas que exigem dos profissionais o desenvolvimento de competências específicas; os enfermeiros especialistas em Oncologia são os profissionais indicados para prestar estes cuidados à população sobrevivente”, justificou a autora.
Enquanto não consegue implementar esta consulta na prática, Telma Sofia Grãos criou uma plataforma digital dedicada aos sobreviventes oncológicos – SOSobrevivente – e promete não desistir, pois acredita que uma CESO permite, entre outros aspetos, uma prevenção e deteção precoce de recidiva, gestão das comorbilidades, melhor gestão dos efeitos secundários a longo prazo e, ainda, dar maior visibilidade aos cuidados de enfermagem.
Na área das Boas Práticas, Marisa Pinheiro Falé apresentou o projeto desenvolvido com as colegas Ana Santos Pereira e Albertina Santos, do Hospital da Luz de Lisboa. “Domínios de competências do Enfermeiro Navigator em Oncologia: da teoria à prática” é um trabalho sobre a implementação, benefícios e desafios da figura do Enfermeiro Navigator num serviço de Oncologia. De acordo com a autora, “alargar o projeto e produzir indicadores de resultados” são os objetivos a alcançar no futuro próximo.
“O caminho até à consulta de enfermagem” foi outro dos trabalhos apresentados na AEOP15. Da autoria das enfermeiras Catarina Santos e Cristina Santos, do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, este projeto de boas práticas no acompanhamento do doente oncológico foi implementado no contexto do transplante hematopoiético e demonstrou ser “um momento de aprendizagem propício para a aquisição de conhecimentos”, bem como “uma forma de reforçar a relação de confiança entre doente e equipa, com consequente diminuição do medo e ansiedade face ao procedimento”.
A enfermeira Ana Paula Moreira apresentou o trabalho “Via verde dos cuidados Nutricionais: Um projeto de melhoria contínua da qualidade dos cuidados nutricionais em doentes oncológicos”, assinado em coautoria pelos enfermeiros Joana Cunha e Bruno Magalhães (IPO do Porto, ESS Santa Maria, CINTESIS/FMUP, NursID). Os resultados do trabalho mostram a necessidade de um protocolo estruturado e coordenado para uma intervenção nutricional eficaz em doentes oncológicos sinalizados em médio e alto risco de mal nutrição; alertam para a necessidade de intervenção e vigilância pró-ativa nos doentes que não apresentam risco, dado este não ser sinónimo de ausência de risco potencial futuro, particularmente em doentes com patologia digestiva. De acordo com os autores, os dados reforçam, ainda, a importância de um registo clínico padronizado e uma referenciação e intervenção rápida e eficaz pelas equipas de enfermagem e nutrição em todos os doentes sinalizados.