O papel dos enfermeiros no reconhecimento e na gestão precoce das situações de emergência oncológica é incontornável e ficou bem patente nas apresentações da última sessão educacional da AEOP15, moderada por Esmeralda Barreira (IPO Porto) e Inês Claro (CH Universitário Algarve).
A síndrome da veia cava superior (VCS) é um desses casos que, segundo a enfermeira Cristina Santos, do Centro Hospitalar Universitário Coimbra, é “uma situação clínica grave que coloca em risco a vida do doente e que requer uma intervenção e terapêutica urgente”. Para tal, é fundamental que os enfermeiros conheçam, estejam atentos e saibam identificar os principais sinais e sintomas, adiantou a preletora, acrescentando que “quando associada a patologia maligna, a síndrome da VCS surge muitas vezes relacionada com a progressão da doença em doentes já submetidos a outras terapêuticas, nomeadamente quimioterapia, com estados avançados e mau estado geral”.
De acordo com Esmeralda Barreira, “o prognóstico desta situação é mau, com sobrevidas médias de apenas alguns meses, sendo importante instituir uma terapêutica paliativa e não agressiva”. A radioterapia “continua a ser a principal arma terapêutica da síndrome da VCS de causa maligna, devido à sua ação rápida”, concluiu a enfermeira.
As emergências neuro-oncológicas e alterações do sistema nervoso central foram abordadas por Joana Silva, enfermeira do CHVNGE. No plano do diagnóstico e face a sintomas neurológicos de novo em doente com diagnóstico de cancro, “as alterações do estado mental devem alertar para provável encefalopatia e a lombalgia aguda acompanhada ou não de défice motor deve alertar para compressão medular”. Neste contexto, alertou, “é urgente fazer exames de imagem e referenciar, bem como iniciar tratamento sintomático”.
No plano do tratamento, “a dexametasona é o corticoide de eleição dada a elevada penetração no sistema nervoso central”, especificou a palestrante, referindo que “a neurocirurgia e radiologia de intervenção devem ser envolvidas rapidamente em caso de suspeita de compressão medular” e que “os sintomas neurológicos que surjam no decorrer ou após quimioterapia devem ser geridos com omissão/redução de doses ou descontinuação do tratamento”.
As principais alterações metabólicas que suscitam cuidados emergentes em doentes oncológicos foram explanadas nesta sessão por Pedro Cardoso, enfermeiro do IPO de Coimbra. Hipocalcemia, síndrome de lise tumoral, hiper e hipoglicemia são algumas dessas situações, “em que o papel da enfermagem é central e em que a tónica deve sempre ser a da prevenção”, sublinhou o orador.